Claudinei critica o Batalhão da PM formado para atender o governador de MT
Publicado em
26 de janeiro de 2022
por
Foto: Marcos Lopes
Com vasta experiência na segurança pública, como delegado de polícia por mais de 18 anos, o deputado estadual Delegado Claudinei (PSL) ficou indignado ao tomar conhecimento sobre o grande número de militares à disposição do gabinete do governador de Mato Grosso, Mauro Mendes (DEM), conforme a publicação divulgada, nesta segunda-feira (17), pelo site Isso é Notícia.
O veículo de comunicação divulgou o lotacionograma do 1° semestre de 2022, publicado pelo Diário Oficial do Estado (DOE), de n.° 28.165, que aponta que são 80 servidores da Polícia Militar de Mato Grosso (PMMT) – com diferentes cargos – e três profissionais do Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso (CBMMT) para atender a Governadoria. “Realmente, isso é uma evidência forte que comprova o motivo do governador não se preocupar com a segurança pública de Mato Grosso. Afinal, ele está muito bem. É praticamente um batalhão da PM dentro do seu gabinete, no Palácio Paiaguás. Todo ao seu dispor”, indigna o parlamentar.
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Relatório – Diante da informação divulgada, Claudinei fez um comparativo sobre os dados obtidos com o diagnóstico realizado, quando presidia a Comissão de Segurança Pública e Comunitária da Assembleia Legislativa, em 2020, ao visitar 13 polos regionais da Região Integrada da Segurança Pública de Mato Grosso (Risp).
“Entreguei nas mãos do governador, em fevereiro de 2021, um relatório com todas as informações necessárias e as deficiências identificadas para melhorias nas instituições da segurança pública dos polos regionais. Um dos dados foi sobre o déficit de pessoal nas unidades da Polícia Militar do interior. Tanto que tem cidade que possui só um policial para atender uma população com cinco mil habitantes ou mais”, mencionou o parlamentar.
Ele cita que o 13° Comando Regional da PM de Água Boa, responsável no atendimento de 11 municípios, precisava do aumento de 50% do efetivo já existente. Já a Regional de Alta Floresta, o 9° Comando que atende oito municípios da região norte de Mato Grosso e enfrenta um grande problema devido à extensão territorial da região, precisava ter, no mínimo, 400 militares e só tinha 142. “Esses são alguns exemplos das regionais que visitamos. Isso foi em 2020. De repente essa situação deve ter piorado e muito”, frisa Claudinei.
Já os 6° e 10° Comandos Regionais de Cáceres e Vila Rica, ambos com 12 municípios, necessitavam respectivamente reforçar o efetivo com 80 militares e ampliar o número de servidores para 44. “Essa é a realidade esquecida pelo governo de Mato Grosso que está mais preocupado em disponibilizar 83 militares para atender um governador que não se preocupa com a segurança da sociedade mato-grossense. Considero isso tudo um absurdo!”, declarou o deputado.
Déficit – O parlamentar ainda lembra das unidades policiais que possuem apenas um militar que faz revezamento para atender a população diariamente. “Isso acontece devido alguns militares estarem de férias e outros com licenças prêmios ou de saúde. Tanto que, nas visitas, identificamos as cidades de Guariba e Nova União, pertencentes à Regional de Juína – e o município de União do Sul da Regional de Sinop com apenas um policial militar”, explica.
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Concursos – Com os concursos públicos para a segurança pública em fase de inscrições, a gestão estadual pretende suprir a falta de pessoal na PM, Polícia Judiciária Civil (PJC), Perícia Oficial e Identificação Técnica (Politec) e CBM de Mato Grosso. Claudinei analisa que não vai resolver o problema das categorias devido à pretensão ser de nomear apenas 1.200 candidatos aprovados.
“Infelizmente, essa quantidade definida não vai atender a necessidade das forças de segurança. O déficit de pessoal ultrapassa essa quantidade proposta pelo governador. Para mim, ele faz concurso para fins políticos. A gente espera que ele coloque a mão na consciência e avalie a condução dessa gestão em relação à segurança pública”, conclui o deputado.
A Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT) realizou sessão solene, na noite desta sexta-feira (13), em comemoração aos 22 anos da Parada do Orgulho LGBTQIAPN+ do estado.
A solenidade foi proposta pelo deputado Lúdio Cabral (PT) e homenageou com moções de aplausos militantes, lideranças comunitárias, profissionais da saúde, coletivos e instituições de defesa dos direitos humanos, sindicatos, representantes das comissões organizadoras das conferências municipais sobre diversidade, ativistas históricos, organizações de apoio à população trans, grupos culturais e demais entidades que atuam na promoção e proteção dos direitos da comunidade LGBTQIAPN+ em Mato Grosso.
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A 22ª Parada da Diversidade acontecerá neste sábado (14), às 14h, na Praça Ipiranga, em Cuiabá, com o tema “Vidas Trans Importam”. O deputado Lúdio Cabral destacou a importância histórica do evento e também da 4ª Conferência Estadual dos Direitos das Pessoas LGBTQIAPN+ de Mato Grosso – realizada entre os dias 11 a 13 de junho – para garantir direitos, combater a discriminação e promover políticas públicas inclusivas.
“A parada é uma forma de dar visibilidade, de dialogar com a população e lutar por direitos básicos negados, como trabalho, educação, cultura e saúde. Vivemos hoje em uma sociedade conservadora, com o Estado fechado aos direitos das pessoas LGBTQIAPN+, e isso cria um cenário de invisibilidade em todas as áreas. É um momento de afirmação e resistência e todos os anos estamos juntos com o movimento”, declarou.
Uma das principais demandas apontadas durante a conferência foi a criação do Conselho Estadual de Políticas Públicas para a população LGBTQIAPN+, pauta defendida pelo parlamentar.
“A última conferência havia sido em 2016. Foram oito anos sem conferências por conta dos desgovernos que tivemos na esfera nacional. A criação do conselho é uma pauta antiga. Ele já chegou a ser criado por decreto, em 2016 ou 2017, e a Assembleia anulou esse decreto, uma vergonha. Depois, o projeto foi apresentado aqui no Parlamento por deputados, inclusive por mim. O atual governador também apresentou um projeto para criação do conselho e a Assembleia não aprova. Em todas as oportunidades, a Assembleia ou revogou o decreto que instituiu o conselho ou não aprovou o projeto para a criação. Então, essa é uma dívida histórica do parlamento com essas pessoas”, ressaltou Cabral.
A necessidade de criação do conselho também foi apontada pelo presidente da Associação da Parada do Orgulho LGBTQIAPN+, de Mato Grosso, Clóvis Arantes.
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“Somos a única população no estado, em situação de vulnerabilidade, que não tem um Conselho de Direitos Humanos específico para discutir as nossas questões, as nossas pautas, as nossas vidas. Então, precisamos que essa Casa reconheça isso. Hoje estamos sendo homenageados pelas mãos do deputado Lúdio Cabral, mas queremos que esta Casa, como um todo, assuma a luta e a defesa dos direitos das pessoas LGBTQIAPN+. Não temos política no estado, nem de proteção, nem de acolhimento a essas pessoas. Nossa população continua sendo muito violentada, os assassinatos seguem crescendo e há expulsão das escolas, porque as travestis, as pessoas trans, não saem da escola porque querem: elas evadem porque não aguentam tanta violência”, frisou.
A rainha da 22ª Parada da Diversidade e membro do Conselho Nacional de Saúde, Camila Lima, mulher trans, afirmou que o evento representa um ato de resistência diante da violência e marginalização vividas especialmente por mulheres trans e travestis em Mato Grosso. Cobrou ainda políticas públicas nas áreas de saúde, educação, emprego e moradia.
“A não aceitação do público LGBTQIAPN+ é muito grande, principalmente para mulheres trans, que na maioria das vezes são marginalizadas e precisam viver na rua por falta de educação, emprego e moradia. Estar hoje na Assembleia Legislativa, fazer esse parlamento parar e nos prestigiar é muito importante. Nós também somos eleitores, também pagamos impostos e também temos o direito de celebrar como todos e de ser homenageadas dentro desta Casa”, destacou.
Luna Pentagran, Drag Simpatia da parada de 2025, relatou o orgulho de representar o município de Pedra Preta como mulher trans e travesti. Por outro lado, lamentou a existência de preconceito e violência que ainda enfrenta no dia a dia.
“Mato Grosso é o terceiro estado que mais mata pessoas LGBTQIAPN+ e a gente ainda enfrenta muito preconceito na rua, na escola, na universidade, no supermercado, em todos os lugares. No interior, é mais difícil ainda. Então, receber essa homenagem hoje é muito significante”, disse.